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sexta-feira, 11 de março de 2011

Se Jesus não for ao Deserto, Ele não vem a nós. Se Ele não viver a Quaresma, não viverá em nós.

O que há no homem que possa agradar a Jesus? O que há no homem que possa atrair a Sua Santíssima presença? Partindo das palavras de Jesus que disse: “vim para os pecadores”, eu percebo que a ida de Jesus ao Deserto é também sua busca pelo Pecador, a chegada e a permanência no Deserto é a chegada e permanência no coração humano.

O Homem e o Deserto são comparáveis, principalmente quando reina o pecado. Igualmente ao Deserto, o Homem não tem condições de produzir por si mesmo, sendo originalmente pó, em certos momentos, está tão árido que não se encontra nenhum sinal de umidade nem de vida, sendo assim o pó mais seco possível. Na vida do homem desértico, não se encontra qualquer lugar que se apóie, tudo é incerto, arenoso e inseguro; não se encontra sombra, a cada momento o cansaço é maior, é penoso; as mentiras de cada dia são as miragens, pensando que vai encontrar algo para se tratar; neste terreno não existe alimento, não tem pastagens, não tem companhia.

O Homem desértico não possui amigos, não há nada que atraia companheiros; não possui bens, nada pode oferecer; não consegue dar apoio nem se apoiar. Não possui rumo, tudo é vazio e impossível. A oxigenação é horrível, fervem suas narinas, respiração pesada, a visão é queimada pelo calor; as vestes são paupérrimas, possui um corpo raquítico e pele cancerosa. Sua movimentação é arrastada, come da própria poeira que o inferniza.

A um desértico, quem poderia acompanhar? Quem estaria junto a um infeliz que nada possui? Quem permaneceria não um dia, mas uma vida inteira junto a um arenoso suplicando-o que abra o coração?

A ida de Jesus ao Deserto é também ao nosso interior que está tremendamente seco e impuro. Somente Jesus tem amor suficiente por nós, que o leva a ficar conosco na nossa insuficiência, principalmente quando não temos nada, completamente nada a oferecer. Pode-se dizer também que quando o Espírito levou Jesus ao Deserto, foi a nós que o Espírito conduziu, foi ao nosso ser não somente quebrado, mas imensamente incapaz de se restaurar.

Somente Jesus e não há outro capaz de chegar a um Deserto e ver nele condições de se tornar uma terra boa e frutífera. Somente Deus sabe transformar, porque Ele é o Agricultor. Ninguém e nada apostaria num desértico, só Jesus! Porque Ele nos ama e é capaz de olhar para nós no maior estado de destruição que estivermos e plantar a semente da Salvação.

Não permitir Jesus viver a Quaresma, é também o mesmo que não aceitá-Lo dentro de nós. Na Quaresma, Jesus é tentado dentro de nós pelos pecados que nós retemos no nosso íntimo, o Maligno que quer reinar neste deserto torna-se um perdedor. Jesus sabe das nossas fraquezas e permanece conosco para nos encaminhar a uma passagem, à conversão, à mudança, ao êxodo. O único alimento que Jesus deseja estando neste Deserto, é o nosso contemplar, a nossa atenção. Os anjos que levam alimento para Jesus, são os mesmos que estão nos sustentando para sermos mais santos e puros.

Se Jesus não for ao Deserto, Ele não vem a nós. Se Ele não viver a Quaresma, não viverá em nós.

Senhor, eu não sou nada, não tenho nada. Sou um deserto e te acolho. Entra em mim Jesus, ora em mim, jejua em mim. Enobrece o meu interior, umedece o meu coração. O Deserto sou eu!

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