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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uruguay contra os Santos Inocentes


28 de Dezembro. 
Você sabe o que se comemora neste dia? A Igreja de Deus nesta terra escolheu este dia para lembrar dos pequeninos inocentes que foram brutalmente assassinados por Herodes, ele via em seu tempo o perigo de perder o reino para uma indefesa criança. Neste mesmo dia o Senado Herodiano do Uruguay resolveu aprovar a legalização do aborto, logicamente fizeram isto bem no finzinho do ano onde muitos se encontram anestesiados pelos festejos de Natal, natal este que fizeram desmerecer as crianças que querem nascer. Resta rezar e agir para que a Câmara dos Deputados derrubem este projeto. Façamos nossa parte!
Santos Inocentes
Lembrando que o Uruguay tem um Presidente dito Socialista (José Alberto Mujica Cordano) irmanando com os outros algozes que já se conhecem como Hugo Chaves, Cristina Kirchner, Lula e mais alguns abortistas latinos.


Santos Inocentes, rogai por todos nós!


Santos Inocentes, Mártires

Neste dia a Igreja recorda os meninos inocentes de Belém e arredores, de idade inferior a dois anos, os quais, conforme o relato do Evangelho, foram arrancados de suas mães e assassinados cruelmente, por ordem de Herodes. Embora não tivessem uso da razão, morreram por Cristo Jesus, e por isso a Igreja os honra com o título de mártires. 

Fontes: O Popular, Lepanto

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Líderes com câncer, será tudo verdade?


O que há em comum entre: Cristina Kirchner, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Lugo e Hugo Chávez? Para quem acompanha os noticiários via mídia independente dirá com grande facilidade que todos são membros do famigerado e até temido Foro de São Paulo, ainda se dirá que possuem alinhamento político dito socialista, nascidos de corações  guerrilheiros, abortistas, homossexualistas, ditadores, comunistas e mentirosos. Até algum  tempo atrás estas eram as mais conhecidas semelhanças entre este bando, agora estranhamente surgiu o danado do Câncer; todos estes encontram-se acometidos desta moléstia que afeta e encara o mundo da medicina.


Presidente da Argentina
Muito estranho de entender porque estes líderes comunistas de uma mesma região em tão curto tempo 'obtiveram' em partes diferentes do corpo este descontrole das células que fazem prostrar a humanidade. Nunca se ouviu falar de coisa parecida, é tão estranho que até Hugo Chaves está questionando e pensando como se houvesse uma intenção por parte inimiga que pudessem ter injetado algo em seus corpos para que o Câncer neles evoluísse. Se por um lado o Chaves diz expor suas dúvidas por seu direito de liberdade (verdadeiramente ele tem), eu cá também tenho minhas dúvidas: Estariam estes líderes comungando alguma ideia em comum em torno de uma mentirosa doença? Sabe-se que a mentira não é abominável por parte destes socialistas. Estariam eles querendo angariar apoio do povão fazendo cara de coitados e usurpando a piedade popular?
Líderes da América Latina 
Outra pergunta: Você teria coragem de instituir uma primavera latina e derrubar um líder qualquer que estivesse acometido de um câncer? Você iria fazer barulho em frente a casa dele, gritando palavras de ordem e pedindo para que ele deixasse o país?


Estariam estes líderes agregando a eles mais títulos de vencedores como já gostam de explicitar? Sabe-se também que eles auto intitulam como os grandes libertadores da nação, vencedores das 'torturas', passeatas, exílios etc em nome do necessitado país. Seria mais uma arma mentirosa? Na verdade não sei e nem posso afirmar ainda, somente o tempo dirá, concordo que é meio amargo falar deste assunto, mas deste povo pode-se tudo esperar.


"Vamos fazer uma cúpula com Dilma, Lugo, Lula e este humilde servidor. Não haverá câncer ou qualquer outra força para nos segurar, porque a América Latina está renascendo", Hugo Chaves.


Veja a relação dos líderes regionais afetados pelo câncer:


Cristina Kirchner
A presidente argentina, de 58 anos, tem câncer na tiroide e será operada no dia 4 de janeiro. “Foi detectado um carcinoma papilar no lóbulo direito da glândula tiroide (...) sem comprometer os gânglios linfáticos e com ausência de metástase”. Kirchner iniciou seu segundo mandato de quatro anos no dia 10 de dezembro passado.


Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente brasileiro (2003-2010), de 66 anos, combate um tumor na laringe, e o tratamento com quimioterapia tem evoluído favoravelmente.


Dilma Rousseff
A presidente do Brasil, de 63 anos, enfrentou a partir de 2009 um câncer no sistema linfático, e foi declarada completamente curada em setembro do mesmo ano, mas realiza exames a cada seis meses.


Fernando Lugo
O presidente do Paraguai, de 60 anos, foi diagnosticado em agosto de 2010 com um linfoma de Hodgkins (não agressivo). O câncer no sistema linfático exigiu seis sessões de quimioterapia, em São Paulo e Assunção, mas em dezembro de 2010 foi finalmente extinto.


Hugo Chávez
O presidente da Venezuela, de 57 anos, teve um câncer diagnosticado em junho passado. O líder “bolivariano” não permite que se revele a origem do tumor, que segundo fontes médicas foi retirado da próstata no dia 20 de junho, em Havana. Chávez foi submetido a quatro sessões de quimioterapia, sendo três em Havana e uma em Caracas, e após ficar ausente da vida pública, voltou à atividade, participando, inclusive, da Cúpula do Mercosul em Montevidéu, na semana passada.


Não é demais rezarmos para que o bem seja derramado sobre estas nações. Que Jesus tenha piedade de todos estes líderes e os dê antes de tudo a conversão que precisam para obterem a amizade com Deus e um dia poderem morar no Céu. Amém.


Fonte: Correio24horas , Bol, Veja

Fim de ano, faça drinks sem álcool

Fim de ano já em cena e nos convidando a gritar de alegria, fazer algo diferente, ser criança por uns instantes e pular muito! É um convite a ouvir uma música animada aos mais altos decibéis, abraçar os parentes, entoar um louvor e sorrir gratuitamente. Para acompanhar, podemos vestir roupas alegres, gravatas engraçadas, apito, língua de sogra, churrasco e ou algum assado como alimento, balas e travessuras. Adicione ai um coquetel supimpa para alegrar, chamar a atenção e sair engraçado nas fotos, faça drinks sem álcool e pule muito, isto é o que vou fazer e garanto que é muitíssimo bom. Veja abaixo como fazer um drink sem fazer a cabeça ou cometer loucura. Seja feliz, seja Santo! Saber ser feliz é Viver Santamente.


Coquetéis deliciosos, saudáveis e sem álcool para o Réveillon
Sangria Especial
Ingredientes
1 garrafa (750ml) de suco de uva orgânico
½ xícara (chá) de suco de laranja
1 laranja pequena picada
½ abacaxi picado
2 maçãs picadas
1 cacho (grande) de uvas vermelhas
2 pêssegos frescos maduros picados
Cravo-da-índia (2)
Gelo a gosto
Modo de Preparo: coloque as frutas em uma jarra grande ou tigela. Adicione o suco de laranja, o suco de uva, os cravos e o gelo. Enfeite a jarra com cascas de laranja e de limão.
Rendimento: 8 porções
Fonte: Exame.com

A mensagem de Bento XVI para Dia Mundial da Paz (2012)


EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ


A mensagem de Bento XVI para a celebração do XLV Dia Mundial da Paz

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de dezembro de 2011(ZENIT.org)- Apresentamos na íntegra a Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Celebração do XLV Dia Mundial da Paz, dia 01 de janeiro de 2012.
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EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ
1. O INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora » (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: « Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, económica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora actual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas  as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).
Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina educere – significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ».[1] Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.
Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Actuem de modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idóneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência. Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos.
Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade actual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de facto, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.


Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se: « Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade? ».[2] O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De facto, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence. Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem? O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade – não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o facto de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa. Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões »,[3] incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele económico ou social, individual ou colectivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De facto, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à acção educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de facto, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ».[4]
Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado.[5] Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem carácter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.
Assim o recto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.
Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. De facto, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.[6]
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios económicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».[7]
« Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados » (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.
Educar para a paz
5. « A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ».[8] A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser activos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos. « Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9).
A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.
Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafio de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1).
A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ».[9] O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.
Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas refl exões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».
Vaticano, 8 de Dezembro de 2011.
BENEDICTUS PP XVI
Notas
[1] Bento XVI, Discurso aos administradores da Região do Lácio, do Município e da Província de Roma (14 de Janeiro de 2011): L’Osservatore Romano (ed. port. de 22/I/2011), 5.
[2] Comentário ao Evangelho de S. João, 26, 5.
[3] Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 11: AAS 101 (2009), 648; cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967), 14: AAS 59 (1967), 264.
[5] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 16.
[6] Cf. Bento XVI, Discurso no Parlamento federal alemão (Berlim, 22 de Setembro de 2011):L’Osservatore Romano (ed. port. de 24/IX/2011), 4-5.
[7] Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 6: AAS 101 (2009), 644-645.
[9] Bento XVI, Homilia durante a vigília com os jovens (Colónia, 20 de Agosto de 2005): AAS97 (2005), 885-886.

Fonte: Zenit

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ex-pastor Alex Jones se torna Católico junto com sua Comunidade

Resolvi divulgar o post que tive o prazer de ler do Blog Voz da Igreja. Muito prazer mesmo em ler este relato de um homem que procurou a verdade, foi forte e decidiu cumprir sua missão intrínseca em meio as contrariedades humanas. A verdade liberta! É verdade que a verdade nos liberta e sempre verdadeiramente nos libertará. O que se segue são relatos encontrados no Blog citado acima.



Toda uma comunidade evangélica se converte ao catolicismo


Em todo o mundo, cada vez mais protestantes e evangélicos retornam à Igreja Católica. Conheça a história do Pastor Alex e de sua comunidade evangélica.


O ex-pastor Alex Jones
Aconteceu nos Estados Unidos. A “Igreja Cristã Maranatha” ficava na Av. Oakman, Detroit. Hoje, o imóvel está à venda.

Tudo começou quando o pastor Alex Jones, 58 anos, passou a trocar o culto pentecostal por uma espécie de réplica da Missa. No domingo, 4 de junho de 2006, durante a celebração da Unidade Cristã e da Ascensão do Senhor, os líderes da congregação decidiram (por 39 votos a favor e 19 contra) dar os passos necessários para torná-la oficialmente católica. Uma história repleta de anseios, surpresas, amor e alegria.

“Eu pensava que algum espírito tinha se apossado dele”, disse Linda Stewart, sobrinha do pastor Alex. “Pensava que, na procura pela verdade, ele tinha se perdido”. Linda considera o tio como um pai, ela que foi adotada por ele desde o falecimento do verdadeiro pai. A preocupação da moça começou quando seu tio trocou o estudo da Bíblia, que era feito sempre às quartas-feiras, pelo estudo dos primitivos Padres da Igreja.

Gradualmente a congregação foi deixando o culto evangélico e retornando à Santa Missa: ajoelhar-se, o Sinal da Cruz, o Credo de Niceia, a Celebração Eucarística: todos os 9 passos. Linda explica: “Aprendi que a Igreja Católica era a grande prostituta do Apocalipse e o Papa era o Anticristo. E Maria? De modo algum! Éramos felizes e seguíamos Jesus. Eu estava triste e pensava: ‘ele está maluco se pensa que vamos cair nessa!’”.

O começo de tudo se deu quando Jones ouviu, num programa de rádio chamado “Catholic Answers” (‘Respostas Católicas’), o debate entre o protestante David Hunt e o apologista católico Karl Keating. O católico fez a pergunta-chave: “Em quem você acreditaria, no caso de um acidente, para saber o que aconteceu? Nos que estavam ali, como testemunhas oculares (Apóstolos), ou naquele que só apareceu depois de muitos anos (Lutero)?” O que era desde o princípio, o que ouvimos e vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos tocaram do Verbo da Vida. Porque a Vida se manifestou e nós a vimos; damos testemunho e anunciamos a Vida Eterna, que estava no Pai e se manifestou a nós; O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que tenhais comunhão conosco: nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, Jesus Cristo. Escrevemos estas coisas para que a vossa alegria seja completa." (I João 1-4)


Leia mais aqui

27 de Dezembro São João, Apóstolo e Evangelista


Jesus disse ao discípulo que amava: 'Eis aí tua mãe'. Dos grandes ensinos que São João nos deixou, um deles foi saber que para ser um discípulo amado (sem separações) devemos ser filho da Mãe de Jesus, mas não somente ser filho, mas acolhê-la e ter sua presença materna dentro de nossa casa.


"Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa". (Jo 19,27)


O discípulo que mais falou do Amor foi aquele que acolheu a Mãe de Jesus, Nossa Senhora Mãe da Igreja e dos filhos de Deus.






27 de Dezembro
São João,
Apóstolo e Evangelista
(+ Éfeso, séc. I)


Filho de Zebedeu e irmão de São Tiago o Maior, foi discípulo de São João Batista antes de ser o "Discípulo amado" de Nosso Senhor. No alto do Calvário, representou a Humanidade quando recebeu como Mãe a Maria Santíssima, e foi a Ela entregue como filho. É autor do quarto Evangelho e de três epístolas canônicas. Viveu, segundo a tradição, na ilha de Patmos, onde lhe foi revelado o Apocalipse, e morreu quase centenário em Éfeso.


Fonte: Lepanto

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Volta pra Casa: testemunho de uma ex-comunista


A volta para casa do Pai

Mirian Macedo

A VOLTA PARA CASA 
Criei coragem e vou contar como foi a minha volta para a Casa do Pai depois de quase quarenta anos distante de Deus. Na verdade, eu já tinha pensado em escrever relatando a minha conversão. Depois, desisti. Achei acesso - ou excesso - de vaidade, jornalista gosta de contar a história dos outros. Mas ao ler outros relatos, comoventes, considerei avareza não repartir a minha história.

Peço generosidade e compreensão pelo meu desajeito no trato dos assuntos de Deus. Tantos anos sem rezar fez com que o coração desaprendesse a delicadeza e a reverência necessárias quando falamos das coisas divinas. O cérebro, então, mais frio e prático, só vai aprender a ser doce com o tempo. Mas não posso falar mal da razão: foi também ela que devolveu-me à fé. Eu sou assim, preciso compreender, sem lacunas, "redondo", como se diz no jargão jornalístico. Só seduzem-me e convencem as grandes elaborações, os pensamentos sofisticados. O Mestre ordenou: "Ide e ensinai". Eu confesso: sou aprendiz.

Comecei a fugir, devagarinho, da Igreja quando tinha 14 ou 15 anos. Em casa, meu pai, afastado da Igreja, nada falou. Minha mãe, católica praticante, não gostou, mas não admoestou; depois, se conformou. Menina inteligente, estudiosa, longe de ser rebelde sem causa, cometi esta rebeldia porque era moderno. No final dos anos 60 e início dos 70, o mundo estava de cabeça para baixo.

Eu morava em Brasília, e de lá assisti a guerra do Vietnã, festival de Woodstok, maio de 68 na França, morte de Guevara, Beatles, AI-5, primavera de Praga, Tropicália, festivais. Neste admirável mundo novo, soava velha esta história de Deus e pecado. Religião só se fosse a de Dom Hélder Câmara. Abaixo as carolas marchadeiras!

Em 72, eu passei no vestibular para jornalismo na Universidade de Brasília; em julho daquele mesmo ano, saí de casa para morar numa república de estudantes. O ambiente da universidade era muito politizado, éramos todos comunistas. Tanto é que, em junho de 73, passei 11 dias no DOI-CODI, entre capuz na cabeça, interrogatórios intermináveis, ameaça (não consumada) de choque elétrico, muito medo e pouco heroísmo.

Quando saí, como boa comunista, menti e exagerei, recheando o relato da experiência com palavras fortes - 'gritos assombrosos', 'noites aterrorizantes', 'tortura desumana'. Tudo lorota.

Depois que saí da cana é que eu soube o que eu era e onde eu estava metida: era militante e integrava uma célula da Ação Popular Marxista-Leninista do PC do B, linha maoísta, o mesmo pessoal que fazia a Guerrilha do Araguaia, a turma de José Genoíno e de Honestino Guimarães, da UNE.

Eu tinha quase 20 anos e já estava incumbida de trabalho de aliciamento e conscientização em áreas operárias na periferia de Brasília. Faltou pouco para eu 'cair' fazendo um trabalho deste. As pessoas que me aliciaram e dirigiam a célula a que eu pertencia eram 'putas velhas', como jornalistas se referem aos mais velhos e experientes da profissão. Eles sabiam que eu era 'inocente útil', que eu não tinha a menor idéia do perigo que corria. Ormai, ero carne bruciata.)
Naquela época, Marx explicava tudo: as razões da opressão e o caminho para a libertação. E lá ia eu, vigiada pelos "ômi", assistir às palestras de Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno. A religião era o ópio do povo, mas aqueles eram padres dos bons. Não porque eram padres, mas porque eram comunistas, graças a Deus!

Mas nem só de pão vive o homem. Eu queria também Paz e Amor. Amor. Livre, claro. Para libertar nossos corpos e nossas mentes, a fórmula era conhecida: sexo, droga, rock'n roll e outros ritmos musicais alternados ou simultâneos.

Tínhamos quase tudo: o som, o fuzil e a maconha. Mas faltava o algo mais, a espiritualidade. E, assim, num fiat lux cósmico, o raio da Nova Era iluminou a nossa existência. E foi um sem-fim de yin, yang, ioga, prana, sutra, maia e karma.O cardápio podia variar, mas era sempre uma combinação de certos ingredientes: um prato de arroz integral com gergelim, um baseado, sair para dançar, ir para cama com mais um ou qualquer um e cumprir o dever revolucionário de derrubar o governo.

Quando me senti no fundo do poço e tudo ia mal - trabalho, convivência com a família, saúde etc - eu disse 'basta, vou mudar'. Mudei. Parei de beber, de fazer sexo, recolhi-me. Mas, no lugar de voltar para Deus, fui para o analista. Da parte espiritual cuidava a macrobiótica, a que me submeti rigorosamente por sete anos.

Ela era suficiente para dar-me Discernimento Superior e harmonizar-me com a Ordem da Natureza. E a "macrô" ainda trazia a vantagem de reforçar a análise dialética e materialista da realidade: afinal yin-yang podia ser traduzido como capital-trabalho ou burguesia-proletariado. Perfeito!

Eu estava com 27 anos quando, no carnaval de 1981, reencontrei em São Paulo um jovem engenheiro paulista (ex-católico, como eu) com quem eu tinha tido um "flerte" tempos antes. Neste reencontro, nós decidimos, em cinco dias, nos casar, completamente apaixonados. Transferí-me de Brasília para São Paulo e passamos a viver juntos. Sem papel e sem padre. Era um casamento moderno, baseado no princípio do prazer e na superação de resquícios da moral pequeno-burguesa.

Como natureba, meu método de controle de natalidade era tabela e período de fertilidade. Falhou, claro, porque o desejo era maior que a preocupação com uma possível gravidez. Para mim, aquela não era a hora de ser mãe, eu achava que o relacionamento estava começando e nós podíamos ainda nos divertir muito antes de pensar em filhos. E, afinal, eu era dona do meu corpo. Quanto àquela vida, ela se resumia a um conjunto de células indiferenciadas, sem consciência ou personalidade. A ciência nos garantia isto e 'nossos corpos nos pertenciam', era o lema da liber(t)ação feminista.

Na terceira gravidez, resolvemos assumir e nos casamos, só no civil. Quando meu filho nasceu, troquei as laudas pelas fraldas. Para cuidar dele, larguei uma glamurosa e promissora carreira de jornalista que eu havia retomado em São Paulo com brilhantismo, depois de ter saído daquele fundo de poço e me casado.

Mas Deus continuava fora. Tanto é que não batizei meu filho. A mesma decisão foi mantida com as minhas duas filhas.
Diante da insistência da minha mãe, pedi que ela mesma os batizasse. Quando tinha quatro anos, meu filho me perguntou quem era Deus. Respondi-lhe: "É o chefe do Bem".

Eu penso que acabei de certa maneira criando meus filhos no espírito de que falou João Paulo II. Eu não acreditava em Deus mas vivia (quase) como se Ele existisse. Só que, em vez de religião, ética.

A crítica era à Igreja, e a visão era marxista: "ópio do povo, instrumento de opressão das classes favorecidas, ideologia mantenedora dos privilégios de classe, aliada do capital na escravização do povo" e outros blá blá blás.

Como me distanciei da Igreja ainda adolescente, fui aos poucos desaprendendo o que sabia da vida de Jesus Cristo e da doutrina da Igreja Católica. A ponte mais próxima com a religião era a minha mãe, mas eu não encontrava nela qualquer desafio às minhas heresias e incredulidades.

(Apesar de crer incondicionalmente, minha mãe não se interessa muito em conhecer mais profundamente a doutrina cristã, diz que a Seicho-no-iê a tornou melhor católica, gosta da Igreja "alegre e moderna" da Canção Nova e acha que o Padre Marcelo presta serviço a Deus).

E para meu azar, a religião desandou numa breguice só quando neo-evangélicos, adeptos da Teologia da Prosperidade, infestaram o mundo e a televisão com aquela enxurrada de gente dando testemunho de que tinha aceitado Jesus no coração. Onde quer que eu pusesse os olhos, lá estavam as frases "Cristo salva", "Deus é fiel" e "Jesus te ama".

O pior é que Igreja Católica, que sempre foi um reduto de decência, achou de se modernizar com o surgimento da Renovação Carismática e começou a trocar os slogans revolucionários da Teologia da Libertação - do prisioneiro político Jesus de Nazaré dos freis Boffs e Bettos - pelos apelos do "Deus é 10 e o CD é 15".

Quanto ao Papa Woytila, eu valorizava a sua ação política em favor dos pobres, mas achava-o retrógrado e cheio de moralismos antigos, principalmente nas questões sexuais. Já que a religião andava assim, eu preferia continuar sem transcendências, mas -pelo menos - com um pouco de elegância e sofisticação intelectuais.

E logo descobri o que havia de mais avançado no pensamento de esquerda no mundo: o grupo marxista alemão Krisis, liderado pelo ensaísta Robert Kurz. Este grupo, herdeiro da Escola de Frankfurt e adepto da Teoria Crítica, fundamenta a sua análise nos conceitos de forma-mercadoria e trabalho abstrato.

O pulo do gato, entretanto, era outro: ao fazer a crítica radical do sistema mundial produtor de mercadorias, Kurz e seus discípulos conseguiram realizar um verdadeiro milagre: provar que Marx estava errado e certo ao mesmo tempo!

Segundo Krisis, já não era a luta de classes que movia a História, como pregava o Marx jovem, mas as relações fetichistas, como concluía o Marx velho. Isto é que era revolução. Marx está morto, viva Marx!

Os novos críticos apontavam o defeito iluminista de Marx em crer que a Razão faria surgir o Homem Novo. Em vez disso, o homem se tornara cada vez mais alienado, egoísta e violento, mesmo quando melhoravam as condições materiais objetivas de sua existência. Estavam aí os Estados Unidos que não os deixavam mentir.

Logo - concluíam os marxistas anti-marxistas - a solução dos problemas da humanidade teria de passar pela superação do próprio Iluminismo e sua racionalidade; de fato, o capitalismo é a mais exemplar expressão da racionalidade, o que mais se fala no capitalismo é de racionalização. A saída: mudar a Razão Pura em Razão Sensível, seja lá o que isto for. Como fazer a mudança, o grupo Krisis até hoje não descobriu. Ou seja: ninguém sabe.

O meu desencanto com o marxismo foi acontecendo naturalmente. Um dia, lendo um texto do filósofo, historiador e cientista político alemão radicado nos Estados Unidos, Eric Voegelin, convenci-me de que o marxismo carecia completamente de fundamentação filosófica que o sustentasse. Esta certeza se consolidou com a leitura de análises sobre a obra de Marx, principalmente a Teoria da Mais-Valia, feitas pelo economista austríaco e Ministro das Finanças, Eugen Bohm-Bawerk, no final do sec. XIX.

Depois, era só ver em que tinha dado o tal do "mundo comunista". Sempre me martelava na cabeça a observação do jornalista Paulo Francis de que a Revolução Russa não podia mesmo ter dado certo. Afinal, tinha começado matando crianças - os filhos do Czar Nicolai. Engraçado é que nada me fazia imaginar que eu já estava trilhando o caminho de volta a Deus. Certo dia, me caiu nas mãos um livro de um "erudito" judeu, chamado Zecharia Sitchin, que se apresentava como expert em arqueologia, História e línguas antigas (hebraico, sumério, acádio etc). Ele afirmava que as tábuas de argila encontradas na Mesopotâmia, há seis mil anos, não eram mitos, mas relatos factuais da vinda de extraterrestres de um planeta de nome Nibiru.

Estes ETs, chamados de anunakis pelos sumérios, eram os Nefilim da Bíblia. A tradução de "caídos" era errônea: Nefilim queria dizer "os que desceram do Céu para a Terra" ou, mais precisamente, "os homens dos foguetes ou das naves espaciais". Eles teriam colonizado a Terra há 500 mil anos, criado o Homem por manipulação genética.

A palavra Elohim, escrita no plural no Gênesis, provava que Deus eram "deuses. Estes, depois de criarem o homem pela fecundação de um óvulo de mulher-macaco e o sêmem de um "deus" anunaki, deram a civilização à raça humana. Voltariam nos próximos anos, completando mais uma órbita de 3600 anos em volta do Sol.

A teoria era absolutamente ousada e desconcertante. Sitchin sugeria que uma Onipotência Universal poderia até existir, mas os que vieram à Terra foram chamados Deus e Anjos equivocadamente. Quem falou a Abraão e a Moisés foram estes viajantes de naves espaciais vindos de Nibiru.

Eu pensava comigo: 'então, eu posso estar certa e a religião errada; o que nós chamamos de Deus pode ser apenas um extraterrestre'. Resumindo: não havia nem metafísica nem transcendência.

Não que histórias de ETs me arrebatassem, mas - caramba - eu também tinha lido o livro "Eram os Deuses Astronautas" na adolescência! As evidências intrigantes, as "qualificações" do autor - que incluíam até a de consultor da Nasa - e as numerosas citações de fontes acadêmicas reconhecidas (Samuel Noah Kramer, para citar só um) acabaram levando-me a ler todos os livros de Sitchin, além de muitos outros sobre pré-história, Mesopotâmia, sumérios, babilônios, assírios, caldeus, egípcios, mitologia grega e hindu, religiões antigas etc etc.

Aproveitei esta história de ET e anunaki para ler ainda, sem qualquer critério, tudo o que encontrei na Internet sobre ufologia, esoterismo, Fraternidade Branca, espiritismo, religiões orientais, calendário maia, teosofia e um sem-fim de assuntos místicos e esotéricos.

Não foi difícil, com o volume de informação que reuni, refutar completamente a teoria maluca dos anunakis. Não tinha sido, afinal, perda de tempo, pois aprendi muito. E mais: trechos do Antigo Testamento, citados por Sitchin, começaram a me fazer pensar. Eu jamais tinha lido a Bíblia e passei a me interessar e ler sobre assunto.

Foi, então, que um amigo emprestou-me um livro de Rudolf Steiner, de quem eu sabia apenas que era o criador das escolas Waldorf e da Antroposofia. Lembro-me que, à época, o Papa João Paulo II já estava muito doente e falava-se abertamente que ele não duraria muito.

Eu, de minha parte, mantinha o espírito crítico de velha marxista e teimava em ver a Igreja e o Papa sob o ângulo político, apontando o interesse da instituição em tirar proveito daquele martírio, transformando-o num espetáculo midiático.

Como eu nunca tinha lido qualquer livro de Antroposofia, estranhei a observação deste amigo de que, para Steiner, o caminho era o Cristo. Era verdade, o autor mostrava Jesus Cristo como a maior dimensão de amor que se podia imaginar. Steiner considerava o Cristo como alguém absolutamente fundamental para a evolução espiritual do homem, o próprio Deus encarnado. Espantava-me a minha igorância sobre este Ser tão inigualável e me perguntava como é que eu nada sabia sobre Ele. E fui devorando os livros de Steiner.

Para explicar a encarnação de Jesus Cristo, Steiner monta uma sofisticadíssima teoria que remonta à Atlântida, passa por Zaratustra, faz conexão com Hermes no Egito, engloba Moisés, Abrãao, essênios, budismo, Krishna , dois Jesus, duas Marias, dois Josés até chegar ao Mistério do Gólgota. De quebra, faz uma leitura dos Evangelhos como o mais puro e pedagógico manual de iniciação.

Ou seja: a Palavra de Deus não é mais que sabedoria oculta. Miraculosamente, cada palavra dos Evangelhos corresponde a um símbolo com significado na escrita esotérica e na sabedoria dos mistérios. Para entender Steiner, comprei a Bíblia de Jerusalém e, pela primeira vez, li os quatro Evangelhos e o Apocalipse. Steiner escreveu um livro intitulado O Quinto Evangelho (sic).

Mesmo sendo muito fabuloso e surpreendente, Steiner parecia consistente, lógico, sofisticado e verdadeiro. Cheguei até a pensar - na minha ignorância e que Deus me perdoe - que a Igreja Católica sabia de tudo, mas não o podia revelar, pois ainda não tinha chegado a hora, o homem ainda precisaria evoluir mais para compreender esta nova revelaçao.

De repente, me deu um estalo e eu pensei: cè qualcosa que non va. É que, para Steiner, Cristo é Deus mas também é uma entidade, um guia da evolução do homem; e Sua passagem pela Terra O teria ajudado a evoluir. Aí, eu achei demais: "Evolução, cara-pálida? Mas Ele é Deus! E Deus evolui?!"

É claro que não foi só a minha 'exuberante e prodigiosa' capacidade intelectual que me fez compreender quem era verdadeiramente Jesus Cristo. Foi o coração que compreendeu, foi o Espírito Santo que agiu. Santo Agostinho, repetindo o salmista, escreveu " Com certeza, louvarão o Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram".

Quando ficou claro para mim que Steiner era uma grande bazófia, lembrei-me do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que dizia ser a linguagem uma fonte de mal-entendidos. E é verdade. Muito do que nos confunde nestes livros esotéricos são as expressões "mundos espirituais", "esferas superiores", "dimensões supra-sensíveis".

Automaticamente, nós relacionamos estes termos às coisas de Deus e dos anjos. Mas, na verdade, este é apenas o outro lado do mundo físico, sensorial e, neste outro mundo, também vivem os espíritos que "non provengono da Dio, nonostante venga utilizzato quasi sempre un linguaggio damore e di luce" ('espíritos que não procedem de Deus, ainda que seja utilizada quase sempre uma linguagem de amor e de luz'), nas palavras de um texto do Vaticano.

E foi assim que, através de uma heresia gnóstica como a Antroposofia, eu acabei sendo levada a redescobrir Deus!

Completamente apaixonada por Jesus Cristo, eu quis conhecê-lo. Precisava compreender para crer e crer para compreender. Para isto, fui atrás Dele no lugar certo: a Igreja Católica. Escrevi, brincando, num email para meus irmãos:
"Não adianta: quem entende de Deus e Jesus Cristo é a Igreja Católica. É perda de tempo ficar lendo steiners, sitchins e blavatskis. Melhor bater na porta da firma que tem o direito de texto e imagem e é proprietária da logomarca dos dois. Afinal de contas, a empresa existe há dois mil anos, sem fechar as portas um dia sequer!" A primeira providência foi ler inteiro o documento 'Dominus Iesus'. Lá estava a confirmação da fé.

Pode parecer, contando assim, que acreditar em Deus, para mim, é mero exercício intelectual. Mas o coração sabe que não é. Mesmo quando ainda não tinha voltado a crer, eu gostava sempre de repetir uma frase que ouvi de Leonel Brizola, quando lhe perguntaram, certa vez, se acreditava em Deus. Ele respondeu que era arrogância não acreditar em Deus. Hoje, penso que, se não temos a pureza de coração para simplesmente crer, a razão acabará por nos levar inexoravelmente à Verdade.

Como me parece hoje absurdo não crer! Para mim, é impossível alguém conhecer a Verdade e não se deixar comover pelo amor de Deus por sua criatura nem se maravilhar com a perfeição e sabedoria do plano divino! Como pude viver tanto tempo sem a amizade de Deus!

Acho que o momento definitivo da minha volta para Deus foi aquele em que ouvi pela televisão o anúncio da morte do Papa Woytila; profundamente comovida e chorando, disse para o meu marido: "Este homem está há 25 anos tomando conta de nós". Falo sempre que a minha conversão foi o último milagre de João Paulo II.

Ainda durante o conclave, comecei a conhecer o pensamento e a atuação do cardeal Ratzinger, e torci para que ele fosse o novo Papa. Nunca vou esquecer as suas primeiras palavras já escolhido para ser o sucessor de Pedro: "sono un umile lavoratore della vigna del Signore"('sou um humilde trabalhador da vinha do Senhor').

São Bento será, com certeza, o meu santo protetor, pois, além de ser o nome do novo papa, a minha primeira confissão e comunhão, depois de quase 40 anos de escuridão, eu fiz na Paróquia São Bento do Morumbi, onde moro. Que Deus ajude o Papa Bento XVI a recuperar a Igreja eterna que tantas deformações tem sofrido nos últimos anos. Que minha família O (re)encontre e que Ele nos abençõe a todos.

*Este texto integral foi publicado, pela primeira vez, no site católico Associação Cultural Montfort, em outubro de 2005. Mais tarde, eu o reescrevi recompondo a verdade.

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