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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dom Stankevics: Igreja defende a família sob ataque


Cidade do Vaticano (RV) – A Assembleia Geral extraordinária do Sínodo dos Bispos dedicada aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização” teve sequência na manhã desta terça-feira (14), no Vaticano, com os trabalhos dos Círculos Menores. Os padres sinodais trabalham na compilação dos documentos finais do Sínodo, partindo das observações sobre a “Relatio post discptationem” – que foi lida na segunda-feira (13). Quem explica é o Arcebispo de Riga, da Letônia, Dom Zbignev Stankevics:

Dom Stankevics – “Já ontem à tarde iniciamos o trabalho nos Círculos Menores. Procuramos corrigir algumas expressões, não corrigidas ao meu modo de ver, usadas na “Relatio”. Nós fazemos isso para elaborar um texto final mais equilibrado e que responda melhor aos desafios de hoje. A minha convicção é que a tarefa principal do Sínodo é de reafirmar a verdade do Evangelho sobre o matrimônio. Hoje, a família se encontra sob um ataque muito forte, a tarefa principal dos padres sinodais não é fazer qualquer abertura pouco definida, mas é de aplicar, novamente, o ensinamento da Igreja na situação de hoje. Certamente é necessária uma abertura e devemos ir ao encontro dos desafios contemporâneos o quanto antes. Mas, sem perder a identidade católica e sem renunciar a verdade sobre o matrimônio."

RV – Uma Igreja que move o mundo, ao invés de uma Igreja que é movida pelo mundo?

Dom Stankevics – “Sim. È assim mesmo, porque quando permite ao mundo de movê-la, corre-se o risco de perder a identidade. Quando perdemos a identidade quer dizer que perdemos o sal. Se perdemos o sal, o mundo não precisa mais da Igreja. A Igreja não serve para satisfazer os prazeres do mundo, a Igreja serve para dar sal ao mundo, para mostrar a verdade que vem do alto. Nós recebemos a Revelação de Deus: nossa tarefa é transmitir essa Revelação na maneira que seja mais compreensível possível, havendo em consideração, inclusive, as dificuldades do mundo. Nós acabamos sendo muito rígidos algumas vezes. Nesse sentido, é necessária uma conversão da nossa parte. Devemos fazê-la com toda humildade, com toda misericórdia em relação ao mundo, mas a verdade permanece sempre, a verdade é objetiva. Não podemos dizer que cada um pode compreendê-la como quiser."

RV – O senhor dizia inicialmente que, hoje, a família é colocada sob ameaça, sob ataque. Vinte anos atrás, esse conceito foi expresso por João Paulo II na “Carta às Família”, quando escrevia: “à desintegração das famílias parece, infelizmente, indicar vários programas sustentados por meios muito poderosos nos dias de hoje”. É uma afirmação ainda válida?

Dom Stankevics – “Sim, porque os processos se desenvolvem e aquele ataque, hoje, toma outras formas. Nos dias de hoje, a ideologia do ‘gender’, por exemplo, é muito forte: afirma-se que cada um pode escolher a própria identidade, inclusive sexual e biológica, mas isso não é verdade. Esse ataque contra as famílias tomou novas formas, conquistou diversas nações. O processo continua, o perigo cresceu nesses 20 anos."

RV – Trata-se de um ataque contra a natureza humana?

Dom Stankevics – "Sim, contra a identidade da família, contra a identidade humana. Nós devemos reafirmar a verdade, buscando uma linguagem adaptada, compreensível também ao mundo, se for possível."

RV - O mundo hoje pede para entender?

Dom Stankevics – “Vamos dizer que aquele grupo de grande influência que ataca as famílias não pede: persegue os interesses deles e procura impor ao mundo. Pessoalmente, porém, eu encontrei muitas pessoas, inclusive não credentes, que procuram a verdade. Vejo que está crescendo no mundo uma oposição em direção a tendências que destroem a família."

RV – Tratando-se de um assunto de grande atualidade, extremamente delicado, a responsabilidade dos padres sinodais reunidos neste Sínodo é enorme...

Dom Stankevics – "Nesta manhã, celebrei a missa também pelo Sínodo, para que o Espírito Santo nos faça de guia para não renunciarmos à nossa tarefa, às nossas responsabilidades, para não nos submetermos às pressões do mundo e àquelas dos meios de comunicação de massa." (AC)

Fonte: Radio Vaticano

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