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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Islamismo e perseguição aos Cristãos. Este é o momento mais sombrio do Iraque


Em entrevista exclusiva, o Patriarca Louis Sako Rafael I, chefe da Igreja Católica Caldeia, fala à Oliver Maksan, correspondente da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) no Oriente Médio, sobre a situação atual no Iraque e afirma temer êxodo cristão.

AIS: Vossa Excelência tem alguma esperança de que o Iraque possa permanecer um estado único?
Patriarca: Não. Talvez uma unidade simbólica e o nome do Iraque continuem a existir, mas de fato, haverá três regiões independentes, com seus próprios orçamentos e exércitos.

AIS: Quais são as consequências da desintegração do Estado para os cristãos no Iraque?
Patriarca: Essa é a questão. Para ser honesto, os bispos estão um pouco perdidos atualmente. O futuro pode estar no Curdistão. Muitos cristãos já estão morando lá depois de todos os acontecimentos. Mas também há muitos que vivem em Bagdá, e há também em Basra, no sul xiita. Devemos esperar e ver como as coisas se desenvolvem.



AIS: Este é o momento mais sombrio para o cristianismo iraquiano?
Patriarca: É o mais sombrio para todos. Não há perseguição dos cristãos; muitos mais muçulmanos fugiram de Mossul e arredores, mas o que nos preocupa muito é o fato de que o êxodo de cristãos do Iraque está aumentando. Quando eu estava na Turquia, recentemente, dez famílias cristãs de Mossul chegaram lá e, no intervalo de apenas uma semana, mais de vinte famílias deixaram Alqosh, uma cidade completamente cristã não muito longe de Mossul. Isso é muito sério. Estamos perdendo a nossa comunidade. Se os cristãos no Iraque chegarem ao fim, esse será um hiato em nossa história. Nossa identidade estará ameaçada.

AIS: Então não há esperança?
Patriarca: Talvez os mais velhos retornem quando a situação se estabilizar. Mas os mais jovens não. Em dez anos, estima-se que 50.000 cristãos deixem o país. Antes de 2003, esse número era de cerca de 1,2 milhões. Dentro de dez anos, estaremos reduzido à uma comunidade de, talvez, 400 a 500 mil fiéis.

AIS: O que os cristãos no Ocidente podem fazer?
Patriarca: Os cristãos no Ocidente são muito vulneráveis. Há bons cristãos, que nos apoiam com suas orações e em termos materiais, mas a sua influência é pequena. Todo o ocidente não está fazendo nada. Estamos muito desapontados. Eles são observadores, mas não se envolvem. Eles acham o futebol mais interessante do que a situação aqui ou na Síria. A política ocidental persegue somente interesses econômicos. A comunidade internacional deve pressionar os políticos iraquianos para fazê-los encontrar uma solução e formar um governo de unidade nacional.

AIS: O que a “Ajuda à Igreja que Sofre" pode fazer para os cristãos no Iraque?
Patriarca: Rezar por nós. Nós iremos precisar de ajuda no futuro para criar uma infraestrutura para a Igreja Cristã aqui, quando a situação se estabilizar. Iremos precisar de novas casas e teremos de reconstruir as fábricas e a agricultura. As cidades cristãs remanescentes terão de ser modernizadas. E temos de contar com ajuda externa para tudo isso.

Fonte: Ajuda à Igreja que Sofre

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