terça-feira, 31 de março de 2015
De médico abortista a líder pró-vida
O Dr. Anthony Levatino foi um dos milhares de manifestantes que participaram da Marcha pela Vida, realizada este mês na capital norte-americana. A marcha é um evento anual que os defensores do direito à vida organizam na mesma data em que os Estados Unidos aprovaram a sua lei do aborto, há mais de quarenta anos. É um protesto e um convite à reflexão sobre a vida dos ainda não nascidos.
Quando olhava para trás, em meio à multidão e sob a luz brilhante do sol, o doutor Levatino sentia a solidariedade ao seu redor. "Eles não julgavam ninguém", comenta ele, cuja vida sofreu uma guinada de 180 graus: ele já foi médico abortista; hoje, é ginecologista pró-vida.
Levatino se diz em paz com a transformação que viveu. De pé sobre um palanque improvisado após a Marcha pela Vida, ele se sentia à vontade com os seus colegas pró-vida, especialmente com aqueles que, antigamente, também defendiam o “direito de escolha”, metáfora politicamente correta usada nos Estados Unidos para expressar o suposto direito feminino de eliminar um ser humano em sua fase inicial de desenvolvimento.
Uma mulher se apresentou à multidão e falou do "tormento aprisionador" que viveu depois de submeter-se a três abortos. Levatino, solidário, lhe disse: "Bom testemunho, Tammy". Outra mulher, que também tinha abortado, contou a sua história comovente e encerrou o depoimento puxando um pai-nosso. Levatino fechou os olhos e rezou junto com toda a multidão. E toda vez que os outros oradores se dirigiam ao público, o médico estendia um cartaz em que declarava: "Eu me arrependo de ter realizado abortos".
Levatino já tinha participado da Marcha pela Vida em edições anteriores, mas ainda não tinha subido ao palanque para falar à multidão. "Esta experiência é bem diferente para mim. É uma experiência de cura pessoal", declarou ele, minutos depois de descer do palanque. Lá em cima, ele tinha se lembrado de seu passado e, talvez, tenha pensado em seu futuro. Trinta ou quarenta metros à frente dele havia manifestantes segurando um grande cartaz com a imagem do falecido médico Bernard Nathanson.
Do final da década de 1960 até o final dos anos 1970, o Dr. Nathanson realizou ou supervisionou mais de 75.000 abortos. Ele próprio relatou que a sua mente e o seu coração mudaram depois de ver, via fetoscopia e ultrassom, as imagens de uma criança ainda não nascida. No final dos anos 70, Bernard Nathanson escreveu o best-seller “Aborting America”, sobre a sua tardia transformação de mente e coração. No começo dos anos 80, ele narrou o documentário "The Silent Scream" [“O grito silencioso”], um filme anti-aborto de 28 minutos, controverso e seminal, lançado em 1985.
Embora menos dramática, a história de Levatino é semelhante à de Bernard Nathanson. Levatino calcula que, entre 1981 e 1985, fez cerca de 1.200 abortos. Mas a sua atitude perante a vida foi mudando. Ele e a esposa não conseguiram gerar nenhum filho biológico. Além disso, a sua filha adotiva, Heather, morreu num acidente de carro em 1985. Hoje trabalhando como ginecologista no Estado do Novo México, Levatino é um ativo membro do movimento de defesa da vida. Ele participou de um filme pró-vida lançado em 2011, “The Gift of Life” [“O dom da vida”], e faz parte do conselho médico de assessores dos Priests for Life [Sacerdotes pela Vida], cujos líderes o convidaram a falar das suas campanhas “Silent No More” [“Não ficaremos mais em silêncio”] e “Shockwaves” [“Inquietações”], na Marcha pela Vida deste ano.
Nathanson e Levatino não são os únicos médicos que pararam de fazer abortos. Em 2008, os assim chamados “provedores de aborto” nos Estados Unidos já eram cerca de 40% a menos que em 1982, ano em que o número de médicos que realizavam tal procedimento tinha chegado ao pico. Os dados são do Instituto Guttmacher, organização de pesquisa que apoia o aborto (recordando que, no Estado da Califórnia, enfermeiros também podem realizar abortos).
Fonte: Aleteia
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